Páginas

25 maio 2021

Melancolia

 

Primeiro, ouve isso aqui. 



To aqui toda melancólica hoje, lembrando de umas tantas coisas do passado... com saudade imensa docês tudo... ouvindo esse Adagietto da 5 de Mahler em looping... lembrei de Morte em Veneza do Visconti, claro, porque esse filme não existe sem o Mahler. Assisti numa retrospectiva da Mostra, eu acho (ah, gente, a Mostra.... que saudade...), no CineSesc, em 1999, se não me engano. Que sorte ter visto essa obra prima no Cine Sesc!! Acho que eu comecei a chorar ali pelo minuto 15 e não parei mais. Bastavam dois acordes... mal eu tinha me recuperado da cena anterior, o choro vinha, era incontrolável. Nossa, um arrebatamento!!
(Quem puder, e não assistiu ainda, por favor, assista. Mas não agora, agora não, tá tudo muito pesado. Ou sei lá, assiste e já chora tudo de uma vez. É sublime.)

Daí lembrei que talvez o único filme que tenha me feito chorar MAIS que Morte em Veneza (mas que não se compara né, são duas obras tão diferentes!!!) foi A Lista de Schindler. Assisti no Cine Astor... (ah, gente, o Cine Astor... caramba!!!) e desci chorando os quarteirões até a Alameda Itú, onde eu morava (naquele pensionato esquina com a Padre João Manoel), completamente inconformada, eu não conseguia acreditar que tudo aquilo tivesse acontecido de verdade. Era uma dor imensa. Cheguei no pensionato, eu continuava chorando. Eu tinha uma colega de quarto, chamada Kezia. Ela não entendia. Eu não parava de chorar. Eu tinha 17 anos...

**
Muitas, muitas, e talvez algumas das minhas melhores lembranças de toda a minha vida estão ligadas ao cinema. (tô toda trabalhada na melancolia hoje, me aguentem). Em Botucatu, assisti muita porcaria no Cine Nelli, porque né, não tinha outro. Todo domingo, absolutamente todo domingo à noite eu estava lá. Assisti VanDamme, Tom Cruise, minha gente, quase tudo era ruim. Mas eu sempre ia. Hoje me dou conta, inclusive, que assisti vários filmes inapropriados pra minha idade porque eu parecia mais velha (haha).
Talvez uma das primeiras lembranças que eu tenho da infância tenha sido de outro cinema (nessa época, xuxuzes millenials, as cidades tinham cinema de rua... mais de um!) onde assisti Super Homem. Acho que foi com meu pai.
São Paulo, poxa, SP era outra história. Bati muito ponto nas filas do Espaço (como chamava o primeiro banco?? Banco Nacional??) Itaú, muito antes daquela reforma maneira, de abrirem as salinhas do outro lado. e no Cine Arte né? Me arrependo de só ter levantado a minha bunda pra ir conhecer a Sala Cinemateca quando me mudei literalmente pra alguns quarteirões de distancia, em 2018.
Aqui na Itália os cinemas reabriram. Eu desacostumei. Logo que mudei pra cá, assim que consegui minimamente me organizar numa cidade nova, trabalho, vida, tudo novo, meu primeiro programa ( num domingo de manhã... depois explico) foi ir ao cinema...sozinha, como tantas e tantas vezes eu fui em essepê (eu gosto. pra falar a verdade, eu ainda hoje acho estranho ir ao cinema acompanhada. acho assistir um filme um negócio tão intimo!)
No verão pandêmico passado fui duas ou três vezes ao Nuovo Sacher, um cinema ao ar livre permanente no Trastever (aqui tem muitas arenas de cinema montadas somente no verão) cujo dono é ninguém menos que Nani Moretti (<3). Aliás, o primeiro filme que eu vi lá foi "A Vida Invisível" do Karim Aïnouz, muito muito tocante. Mas faz tanto tempo que a gente está preso nessa telinha, que esqueço. Quando eu for de novo ao Nuovo Sacher eu mostro procês.
*
Saudades imensas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário